quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Dia Mundial para a Erradicação da Pobreza

       «Basta a miséria dum desgraçado, para que todos nós sejamos miseráveis».                                                                Teixeira de Pascoaes
Dia Internacional das Nações Unidas para a Erradicação da Pobreza
Tema : "Todos juntos por um mundo sem discriminações, apoiando-nosna experiência e nos conhecimentos dos mais pobres"
"No dia 17 de Outubro de 1987, Joseph Wresinski convidou cem mil pessoas vindas de todos os horizontes para que se reunissem para celebrar o primeiro Dia Mundial para a Erradicação da Miséria na Praça dos Direitos Humanos e da Liberdade, no lugar onde fora assinada em 1948 a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em Paris.
O apelo gravado na Laje comemorativa inaugurada nesse dia sublinha a situação dramática em que se encontram aquelas e aqueles que vivem numa extrema pobreza e que sofrem com a fome e com a violência. Ele proclama que a extrema pobreza é uma violação dos direitos humanos e afirma que é necessário que todos se unam para que esses direitos sejam respeitados.
As pessoas que vivem na extrema pobreza agem para defender os direitos humanos. 
Em 1992, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou o 17 de Outubro como sendo o “Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza”. 
Em 2006, a Assembleia Geral das Nações Unidas recebeu o relatório do Secretário Geral das Nações Unidas sobre o Impacto da Celebração do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza . Esse relatório reconhece a importância da participação efectiva das pessoas vivendo numa grande pobreza, nomeadamente no que diz respeito à eleboração de políticas ou de projectos contra a extrema pobreza, sua realização e sua avaliação. Identifica os meios necessários para promover a mobilização de todos na luta contra a extrema pobreza. Sublinha especialmente a necessidade de uma abordagem fundamentada nos direitos humanos.
Efectivamente, o Dia Mundial coloca os direitos humanos no centro do combate contra a miséria, afirmando assim a necessidade do seu reconhecimento, protecção e respeito da sua indivisibilidade.
Perante o reconhecimento crescente desse Dia Mundial, surgem a necessidade e a responsabilidade de uma atenção máxima para que a sua mensagem e o seu sentido profundos sejam respeitados e preservados. 
"Todos juntos por um mundo sem discriminações, apoiando-nosna experiência e nos conhecimentos dos mais pobres"
 O tema da comemoração deste ano foi escolhido de forma nada habitual pois, pela primeira vez desde a proclamação feita pelas Nações Unidas  foram tomados em consideração os contributos e as reacções que certas pessoas e militantes vivendo mergulhados numa extrema pobreza enviaram ao Comité Internacional do 17 de Outubro. Graças a um processo de consultas, foi possível definir um tema que sensibiliza e interpela profundamente um grande número de pessoas vivendo na miséria. Esse tema sublinha a discriminação de que sofrem quotidianamente muitas pessoas por causa de sua pobreza e realça a sua exclusão das esferas políticas, económicas e sociais, assim como a sua ausência e falta de representação na concepção, realização e avaliação de programas que lhes dizem directa ou indirectamente respeito.
Essas pessoas são invisíveis, quase ninguém as ouve e não gozam praticamente de direitos.
Para essas pessoas que vivem na pobreza, os direitos humanos, a sua dignidade, o seu direito de participação, a sua segurança pessoal, o respeito que lhes é devido, assim como o reconhecimento dos esforços que fazem e daquilo com que contribuem para a sociedade, são tão importantes como saciar as necessidades básicas tais como a saúde, a educação, o acesso à água, as instalações sanitárias e o alojamento.
           "O que custa mais quando vivemos na miséria é o desprezo. Tratam-nos como se não servíssemos para nada, olham-nos com nojo, até nos tratam como se fôssemos inimigos. Nós e os nossos filhos sentimos isso todos os dias, e isso magoa-nos, humilha-nos e faz-nos viver cheios de medo e de vergonha."  Edilberta Béjar, Peru
Muitas vezes, as nossas sociedades ignoram ou subestimam aquilo que as pessoas vivendo na pior pobreza sabem, porque supõem erradamente que pessoas tão desprovidas de qualquer bem-estar material, de qualquer posição social ou de qualquer poder político, devem também ter falta de conhecimentos e de capacidade de reflexão que poderiam ser úteis aos outros. 
(...) Muitas vezes, infelizmente, as acções políticas e os programas de erradicação da pobreza são mal adaptados às necessidades, às realidades e às aspirações de quem pretendem ajudar.
                  Quando as pessoas nos faltam ao respeito e falam de nós chamando-nos ‘caso social’, ‘mãe desnaturada’, ‘incapaz’ ou ‘inútil’, isso mostra como elas nos julgam, como nos conhecem mal. E nós sentimos a violência de sermos discriminados, inexistentes, como se não pertencessemos a este mundo... Essas violências quotidianas são como maus tratos que sofremos." Laetitia Dubourdieu, França 
Agora que as Nações Unidas estão a preparar o programa global de desenvolvimento post-2015 , precisamos de romper o silêncio sobre a extrema pobreza. Se não o fizermos, os nossos esforços post-2015 para erradicar a miséria, para acabar com a discriminação e para criar um mundo mais duravelmente viável, não chegarão até todos, nem com certeza até aos mais pobres e mais excluídos.
Celebrado pelas Nações Unidas pela primeira vez em 1993, O Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza encoraja o diálogo e a compreensão entre as pessoas vivendo na pobreza, as suas comunidades e a sociedade em geral. Esse Dia é uma boa oportunidade para que todos reconheçamos que as pessoas mais pobres estão no primeiro plano da luta contra a pobreza. (Relatório do Secretário Geral das Nações Unidas, A/61/308, parágrafo 58)." artigo adaptado do Fórum por um Mundo sem Miséria

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