sexta-feira, 21 de junho de 2013

Sobreviventes do holocausto prestam homenagem ao Cônsul de Portugal, Aristides de Sousa Mendes (cont.)


"A casa de Aristides de Sousa Mendes, mais conhecida como a Casa do Passal, em Cabanas de Viriato, vai finalmente ser restaurada. Depois de vários anos ao abandono, a Secretaria de Estado da Cultura (SEC) anunciou nesta quinta-feira, numa cerimónia de homenagem ao “Cônsul de Bordéus”, que em breve vão começar os trabalhos de recuperação."

Familiares e refugiados da Segunda Guerra emocionam-se em visita à aldeia de Aristides Sousa Mendes
Lusa 20 Jun, 2013, 19:23
“Familiares e refugiados do Segunda Guerra Mundial visitaram hoje a aldeia de Cabanas de Viriato, a terra natal do "herói Aristides Sousa Mendes que salvou mais de 30 mil pessoas" e que "merece ser homenageado com a requalificação da casa onde viveu".
Linda Mendes é uma das netas de Aristides de Sousa Mendes e visita pela terceira vez a aldeia de Cabanas de Viriato, onde se ergue imponente a Casa do Passal para a qual olha emocionada.
"É tão triste ver a casa a cair, faz-me mal ao coração olhar para o edifício e pensar em algumas histórias que o meu pai, o meu avô e a família aqui viveram", referiu.
Aos 12 anos começou a ouvir as histórias de Aristides Sousa Mendes, que foi "esquecido" durante décadas, mas que agora vê "reconhecido por tudo o que fez pelos refugiados".
Numa passagem pelo cemitério, onde está sepultado o antigo cônsul de Bordéus, foram lidos alguns nomes de refugiados a quem passou o visto para a fuga, desobedecendo a ordens directas de Salazar.
"Passou vistos a mais de 30 mil pessoas. Esta viagem, com passagem por diversos pontos que marcaram a vida do meu avô assim como a partilha de testemunhos por parte de antigos refugiados, vem me dar outra dimensão da história", sublinha emocionado Gérald Mendes.
Léon Moed é um desses refugiados, salvos pelo visto de Aristides Sousa Mendes, quando tinha apenas oito anos.
"Guardo algumas memórias, fugimos de Bruxelas para França e depois conseguimos entrar em Portugal, onde ficámos cerca de dois meses. Considero-me uma pessoa de muita sorte", adianta.
O avô do arquitecto que projectou o mini museu temporário que é inaugurado hoje em frente à Casa do Passal, mostrou-se emocionado por visitar a aldeia de quem possibilitou "o passaporte para uma vida nova".
Na comitiva, constituída por familiares e fugitivos da Segunda Guerra Mundial, assim como familiares de Aristides Sousa Mendes, está Yara Nagel, uma jornalista brasileira, filha de um antigo judeu alemão que vivia em Itália.
"A minha família, pais e irmãos, foi salva pelo visto de Aristides Sousa Mendes", que permitiu chegar Lisboa e seguir para o Brasil.
"Eu existo pela coragem de Aristides Sousa Mendes, um homem maravilhoso que se sacrificou para salvar 30 mil pessoas. É muito importante e emocionante estar aqui", acrescentou.
No entanto, lamenta ver a Casa do Passal "a cair aos pedaços".
"Esperamos abrir caminho para a sua reconstrução e criação de um museu, que é a melhor homenagem que se pode fazer", sustentou.
Uma opinião partilhada por Jennifer Hartog, que teve o seu pai num campo de concentração até maio de 1945.
"Só há cerca de dois anos soubemos que tinha sido Aristides de Sousa Mendes quem assinou o visto para a fuga para o Canadá", alegou.
O "herói" de Cabanas de Viriato é homenageado hoje com a inauguração do mini museu temporário concebido pelo arquitecto americano Eric Moed, mas a presidente da Sousa Mendes Foundation defende que deveria ser construído um verdadeiro museu.
"A Casa do Passal tem de ser requalificada. Aristides de Sousa Mendes é um herói nacional e o Governo tem de assumir as suas responsabilidades, para que depois possamos ajudar na instalação de um museu", revelou.
Um dos netos, António Sousa Mendes, informou que para já apenas está prevista, para Outubro, a requalificação do telhado da Casa do Passal, ao abrigo do QREN.”

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