domingo, 24 de março de 2013

Ao Domingo Há Música


Um poema é sempre escrito numa língua estrangeira
com os contornos duros das consoantes
com a clara música das vogais
Por isso devemos lê-lo ao nível dos seus sons
e apreendê-lo para além do seu sentido
como se ele fosse um fluente felino verde ou com a cor do fogo
O que de vislumbre em vislumbre iremos compreendendo
será a ágil indolência de sucessivas aberturas
em que veremos as labaredas de um outro sentido
tão selvagem e tão preciosamente puro que anulará o sentido das palavras
É assim que lemos não as palavras já formadas
mas o seu nascimento vibrante que nas sílabas circula
ao nível físico do seu fluir oceânico
António Ramos Rosa, in “Deambulações Oblíquas” 2001,Ed. Quetzal

"...quando lemos versos que são realmente admiráveis, realmente bons, temos a tendência para o fazer em voz alta. Um verso bom não permite ser lido em voz baixa, ou em silêncio. Se pudermos fazê-lo, não é um verso válido: o verso exige ser pronunciado. O verso recorda sempre que foi uma arte oral antes de ser uma arte escrita, recorda que foi um canto.” Jorge Luis Borges

E as vozes dos três tenores em Concerto pronunciaram versos sem fim,  nos palcos do Mundo. Em canto sempre reconhecido, Plácido Domingo, José Carreras e Luciano Pavarotti  revestem em fulgor e encanto  a composição "Ti voglio tanto bene" de E. De Curtis e D. Furnò, acompanhados pela Orquestra de Paris, dirigida pelo Maestro James Levine, em Paris, no ano de 1998.

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