domingo, 10 de março de 2013

Ao Domingo há Música

"A separação da Terra e Água" de Miguel Ângelo, Capela Sistina, Vaticano
“Em tudo o que suscita em nós o sentimento puro e autêntico do belo, existe realmente a presença de Deus. Há uma espécie de encarnação de Deus no mundo, de que a beleza é testemunho. O belo é a prova experimental de que a encarnação é possível. Portanto, toda a arte de primeira categoria é, por essência, religiosa. ”
Simone Weil, in  "A Gravidade e a Graça", Ed. Relógio D'Água.

Neste segundo Domingo de Março, revisitámos uma das grandes obras de  W.A. Mozart , "A missa da coroação  K-317". Sobre a criação desta obra, existem duas versões que diferem nas datas e nos motivos que levaram  Mozart a compô-la. Assim, "a primeira está relacionada com um incêndio que destruiu a igreja de Regem na Bavária, deixando intacta a imagem de Nossa Senhora que estava no interior. Transformada em objecto de peregrinação, a imagem foi transferida para Salzburgo e colocada  numa capela na montanha de Plain, por volta de 1657; dali foi transferida para o Santuário de Maria Plain, onde recebeu, em 1751, uma coroa de prata abençoada pelo Papa. Desde então, essa data é celebrada no quinto Domingo depois de Pentecostes. A “Missa da Coroação” de Mozart teria sido composta para o vigésimo oitavo ano dessa comemoração, em 1779.
A segunda versão vai na direcção contrária: analisando as datas, estudiosos perceberam que o quinto Domingo depois de Pentecostes acontece em Junho ou Julho. Naquele ano de 1779, caiu no dia 27 de Julho.  Mozart concluiu a obra no dia 23 de Março e como  sempre concluía  os seus trabalhos na última hora, acredita-se que ele a tenha escrito para a celebração do Domingo de Páscoa na Catedral de Salzburgo, que aconteceu doze dias após ter terminado a composição. Neste caso, a relação da obra com uma coroação seria posterior, já que outras missas de Mozart foram executadas nas coroações de Leopoldo II como rei da Boémia,  em 1791 e de Francisco II como rei da Hungria, em 1792." 
“Credo", parte integrante desta " Missa da Coroação K-317", mantém o clima glorioso. Ei-la , na  excepcional interpretação da Orquestra Filarmónica de Viena,  sob a direcção do maestro Herbert von Karajan , com as excelentes vozes de Kathleen Battle, Trudeliese Schmidt, Gösta Winbergh, Ferruccio Furlanetto e do Wiener Singverein, na Basílica de S.Pedro, Vaticano - Roma. 


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