sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Eventos Culturais e Literários em Outubro




Dar ancas às consoantes e devolver os seios às vogais
"O último dia do III Encontro de Escritores em Natal foi um forrobodó literário. O povo dançou e o povo escutou.
Foi num grande forró que se terminou o III Encontro de Escritores de Língua Portuguesa em Natal, numa festa que juntou leitores e escritores, brasileiros, portugueses, angolanos, cabo-verdianos, moçambicanos e guineenses. A festa fez-se em português e uniu numa mesma dança os vários países da lusofonia. Mas antes da noite feita de dança, houve tempo para se falar de literatura.
Ao escritor moçambicano Mia Couto, juntou-se o cabo-verdiano Germano de Almeida e a brasileira Ana Cascudo, que, perante um Teatro Alberto Maranhão (no centro de Natal) quase cheio falaram sobre Literatura Oral e Tradicional, tão presentes nos seus países.
Mia Couto lembrou a população moçambicana, tão rica nas suas histórias, feitas de tantas línguas e dialectos, que não conhecem expressão escrita. E contou de uma vez que uma senhora lhe pediu para falar de si, dançando. E de como na falta de jeito para os movimentos e na impossibilidade da dança, lhe apresentou um homem vazio. Não houve palavras que o salvassem. «Queria-me ler como se eu fosse um texto. Mas eu era apenas uma página em branco».
«Mais do que me inspirar na tradição oral, a minha intenção é introduzir os universos da oralidade na lógica da escrita, devolver à palavra grafada o gesto, o corpo, o sexo da fala», disse Mia Couto, perante uma plateia rendida às suas palavras. «É isso que me anima enquanto escritor: ensinar a minha escrita a dançar, dar ancas às consoantes, devolver seios às vogais e, enfim, reinventar sensualidades que foram sendo roubadas pela cega obediência às normas da gramática».
Mia não conseguiu dançar. Mas, à noite, o povo todo que o escutou fê-lo por ele. E a literatura transformou-se num imenso forrobodó." In Jornal Sol, 18/10/2012

Migração de pássaros,1924 - Johannes Larsen, Dinamarca | Crédito fotográfico: SMK Foto. Statens Museum for Kunst © Johannes Larsen, Copy-Dan, 2012Bodies,
As Idades do Mar, Exposição na Fundação Calouste Gulbenkian
De 26 out 2012 a 27 Jan 2013 | 10:00 - 18:00 | Encerra Segunda-feira

O mar é o tema central da exposição que o Museu Calouste Gulbenkian vai apresentar a partir do dia 26 de outubro, na Galeria de Exposições Temporárias da Fundação. Em exposição vão estar mais de uma centena de obras, dos séculos XVI ao XX, provenientes de 46 instituições nacionais e estrangeiras, com o apoio excecional do Museu d’Orsay.

Partindo de uma sondagem histórica da representação visual do mar, a mostra procura identificar os temas fundadores que levaram à sua extensa e recorrente representação na pintura ocidental. A exposição desenvolverá o conceito que dá título ao projecto em seis secções distintas: As Idades dos Mitos, As Idades do Poder, O Mar e o Trabalho, Tormentas e Naufrágios, Contemplação e Viagem e O Mar como Símbolo.
Van Goyen, Lorrain, Turner, Constable, Friedrich, Courbet, Boudin, Manet, Monet, Signac, Fattori, Sorolla, Klee, De Chirico, Hopper, são alguns dos 86 autores presentes na exposição com obras de superior qualidade. Também a pintura portuguesa, através de Henrique Pousão, Amadeo de Souza-Cardoso, João Vaz, Maria Helena Vieira da Silva e Menez, entre outros, contribuirá para esta abordagem exaustiva e por vezes inesperada de um motivo tão fascinante – e simultaneamente com especial significado na história e cultura portuguesas.


Hilary  Mantel repete o Prémio Man Booker
"A escritora britânica Hilary Mantel recebeu Man Booker Prize, com "Bring Up the Bodies", o segundo tomo de uma ambiciosa trilogia sobre o chanceler de Henry VIII, Thomas Cromwel. A atribuição do galardão, que se destina a premiar uma obra publicada originalmente em língua inglesa por autores do Reino Unido e da Commonwealth, fez história. O primeiro volume, Wolf Hall, tinha recebido precisamente o Booker há três anos.
Mantel é a primeira mulher e o primeiro autor britânico a receber o prémio duas vezes e é também a primeira vez que uma sequela é premiada. O Man Booker prize tem um valor pecuniário de cerca de 60 mil euros.
Peter Stothard, editor do Times Literary Suplement, e presidente do maior prémio literário em língua inglesa, disse que Mantel é «o maior escritor inglês de prosa vivo». Stothard acrescentou que um dos objectivos do Booker é celebrar obras que perduram no tempo. «Este prémio deve ser para livros que serão lidos nas próximas década». Sothard comparou o fôlego literário e a profundidade psicológica de "Bring Up the Bodies" com a obra de Francis Ford Coppola, O Padrinho.
"Bring Up the Bodies"situa a acção nos nove meses em 1535 que antecedem execução de Ana Bolena, segunda mulher de Henrique VIII. E a autora está já a escrever o último volume da trilogia sobre o chanceler que conduziu no reinado de Henrique VIII os destinos de Inglaterra e cuja influência mudou para sempre os destinos de Inglaterra e levou à cisão com a Igreja de Roma. O último volume deverá chamar-se ""The Mirror and the Light.
A BBC comprou os direitos das duas obras para uma mini-série de seis horas prevista para 2013.
Wolf Hall foi editado em Portugal pela Civilização e os direitos de "Bring up the Bodies" já foram adquiridos pela mesma editora que conta publicar o romance brevemente." Fonte: Sol

             A Peça do Mês  do Museu da Assembleia da República



1 comentário:

  1. Os eventos culturais, literários, artísticos, musicais, são do melhor que poderemos esperar, especialmente agora, que a cultura foi relegada para um secundaríssimo plano!

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