segunda-feira, 2 de julho de 2012

Beira-mar

Tudo abeirou minha infância
beira do rio, beira-mar,
orla branca de esperança
no leste do meu olhar.

Meu batelão emborcado
à beira de me afogar,
eu sobre a ponte abeirado
puxando minhas  puçás.

Beirando todas as rotas,
nas asas das gaivotas
meus olhos cruzavam o mar;

sonhava à beira do cais
com um barco, nada mais,
e eu no mundo a navegar.

Curitiba, Novembro de 2004

Manoel de Andrade, in " Cantares", Ed. Escrituras, São Paulo, Brasil

1 comentário:

  1. Como Manoel de Andrade o revela por outras palavras... O Homem é a projecção da sua infância!

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