segunda-feira, 5 de março de 2012

É preciso criar , resistir não basta

"(...) o  local e o global devem estar em equilíbrio. A visão do mundo de amanhã como um mundo mais justo, mais sustentável, mais sábio só pode ser global. Mas a realização , os actos que contribuem para um tal mundo têm de ser locais. Perigoso é se as experiências locais se multiplicarem em contradição com uma visão global - e com elas as crispações nacionalistas, as seitas, os movimentos partidários de manutenção de certos privilégios. Nada é simples : chegamos à complexidade e à " ecologia de acção" de que fala Edgar Morin. Está tudo interligado . Quando uma coisa avança, outra recua. Existe sempre o perigo de, ao progredirmos num domínio, regredirmos noutro.
O combate , portanto, é múltiplo e é aí que é preciso limitar a palavra " resistência". A tendência para a resistência é quase natural, mas uma construção não se pode fazer apenas com resistência. Nós dizíamos:  " Resistir é criar, criar é resistir ". Não é bem assim. É preciso criar porque resistir não basta. As simplificações são sempre perigosas.Temos de nos habituar a pensar com prudência, o que não revela falta de inteligência nem de criatividade, antes sentido de equilíbrio. Não se pode ser apenas yin ou apenas yang, é preciso ser-se as duas coisas." Stéphane  Hessel, in " Empenhai-vos", Edição Planeta, 2011

2 comentários:

  1. De acordo! Resistir, somente resistir é estratificar, mumificar o realizado. É parar, é restar. A contínua criação, o acto de criar em si é que é imprescindível para prosseguir, para revolucioar, para a mudança que traz vida e novos caminhos.

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  2. "Temos de nos habituar a pensar com prudência, o que não revela falta de inteligência nem de criatividade, antes sentido de equilíbrio." Está contido nesta frase o segredo para o equilíbrio global. O homem "quando" racional pensa nele e no entorno dele, suas ações consequentemente multiplicadoras e inovadoras atingem proporções intensas nos aspectos gerais. Somos eixo quando queremos... sustentabilidade.

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