segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Revolução

Como casa limpa
Como chão varrido
Como porta aberta

Como puro início
Como tempo novo
Sem mancha nem vício

Como a voz do mar
Interior de um povo

Como página em branco
Onde o poema emerge

Como arquitectura
Do homem que ergue
Sua habitação

Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas", 1977, Moraes Editores, Lisboa

1 comentário:

  1. "Com a Voz do mar / Interior de um povo"... Apenas com estes dois versos, simples e tão unidos, Sofia Andersen pretende traduzir algo sobre as razões da gesta portuguesa de Quinhentos. De costas voltadas para Castela, a casa era pequena, quase só o "quintal" que hoje é. Então, que restava a Portugal?!... Lançar-se ao mar, em descoberta de novas terras, novos mundos. Só assim poderíamos sustentar a família, projectar novos engenhos, e entermentes manter esta "ditosa Pátria minha amada"...

    ResponderEliminar