terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O Adeus a Vaclav Havel

Morreu o ex-presidente checo Vaclav Havel. O opositor do regime comunista checoslovaco, escritor e defensor dos direitos humanos sofria há anos de uma doença pulmonar. Na década de 90 tinha sido operado a um cancro. Vaclav Havel simboliza, melhor do que ninguém, a luta contra a opressão e domínio soviéticos. Nasceu no dia 5 de Outubro, em 1936, no seio de uma família burguesa em Praga, três anos antes da ocupação alemã.
Em 1945, a Checoslováquia libertou-se do jugo nazi mas, longe de conseguir a independência, caiu nos braços dos “libertadores soviéticos”.
No fim da guerra, o regime comunista etiquetou a família Havel de inimiga de classe e o jovem Vaclav refugiou-se na escrita. Aos 20 anos publicou vários poemas.
Em 1964, em plena abertura política, casou-se com Olga Splichalova, musa até à morte. As peças que escreveu representavam-se em todos os teatros de Praga.
Em 1968, no mês de Agosto, os tanques soviéticos acabaram com o socialismo de rosto humano  e com a Primavera de Praga. Alexander Dubcek foi proscrito. A União Soviética estendeu os tentáculos no país durante 21 anos. 
A liberdade artística foi proibida e Vaclav Havel foi preso na sequência da publicação de seis ensaios políticos. A sua aberta oposição ao regime custou-lhe vários anos passados nas cadeias comunistas. “Cartas para Olga”, um livro reunindo as cartas que escreveu à sua mulher da prisão, tornou-se uma das suas obras mais conhecidas ( Olga Splichalova, morreu de cancro em 1996). 
Condenado em diferentes situações, passou cinco anos na prisão e tornou-se um dos mais célebres dissidentes do bloco comunista.  Signatário e porta-voz da célebre "Carta 77", foi durante as manifestações de Praga em Agosto de 1988 – durante o 20º aniversário do Pacto de Varsóvia – que o seu estatuto político ficou claro. Milhares de jovens saíram para a rua, gritando o seu nome e do seu herói, Tomas Garrigue Masaryk, o primeiro Presidente da Checoslováquia depois da fundação do país em 1918.
A onda de protestos populares em seu nome levou-o mais uma vez à prisão. Em Janeiro de 1989, com o regime comunista já em colapso, o seu julgamento atraiu as atenções internacionais, e a pressão política foi de tal maneira intensa que as autoridades aceitaram a sua libertação..
A Checoslováquia é um dos países de Leste onde a transição sem violência foi possível. Vaclav Havel liderou a Revolução de Veludo, foi nomeado Presidente pelo Parlamento comunista e confirmado no cargo, um ano depois, em eleições livres. Foi o Presidente da Checoslováquia e, depois, da República Checa entre 1989 e 2003, tirando uma interrupção de vários meses entre 1992 e 1993.
Entre muitas das honras que recebeu está o prestigioso Prémio Olof Palme, da Suécia, e a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta distinção civil dos EUA, que lhe foi concedida por ser "um dos grandes heróis da liberdade".
“O Poder dos Mais Fracos” (1978) foi o importante livro que Havel escreveu sobre os mecanismos e os meios que o comunismo totalitário exercia para oprimir as sociedades e as transformar numa massa homogénea e manipulável.
Algumas das obras publicadas por Havel foram "A Crescente Dificuldade de Concentração"(1968),"Os Conspiradores" (1971), "A Ópera do Mendigo" (1972), "A audiência" (1975), "Protesto" (1978) e "A Tentação" (1985). Em 1963, a peça resultante do livro "The Garden Party" foi para os palcos do teatro e o mesmo aconteceu em "O Memoramdum" (1965) e "A Crescente Dificuldade de Concentração" (1968).
Em 2008, Havel protagonizou as celebrações do 40° aniversário da Primavera de Praga. E nem os problemas cardíacos o impediram de se apresentar como defensor da liberdade: “As nossas ideias obrigam-nos a ser solidários com os dissidentes dos países onde as pessoas vivem sob um poder mais ou menos autoritário”.
Encerra-se um capítulo do pequeno país…, foi o bardo, o poeta que arrancou o poder aos comunistas para o devolver ao povo numa Revolução de Veludo.
E o herói da “Revolução de Veludo” morreu, aos 75 anos, na casa de férias que tinha no norte da República Checa, neste Domingo, 18 de Dezembro.
O chefe de Estado checo elogiou o antigo presidente, responsável pela transição do sistema soviético para um regime democrático e uma economia de mercado. “Vaclav Havel tornou-se um símbolo do moderno Estado checo. Ele contribuiu para isso com a sua luta destemida contra o totalitarismo comunista e enquanto líder da Revolução de Veludo e primeiro Presidente do nosso país independente”, disse Vaclav Klaus.
O governo Checo declarou 3 dias de luto nacional pela morte do antigo presidente.
Centenas de pessoas perfilam-se para entrar na igreja de Santa Ana, em Praga, para se despedirem do político, escritor e filósofo, que nunca deixou de lutar pelos direitos humanos.
Na Quarta-feira, início dos três dias de luto nacional, o corpo de Vaclav Havel será trasladado para o Castelo de Praga onde ficará até Sexta-feira, altura das exéquias oficiais.
O governo da Eslováquia, também, declarou o dia do funeral como dia de luto nacional. (Notas extraídas de várias fontes informativas)

2 comentários:

  1. A memória deve ser sempre salvaguardada para que os heróis que lutaram contra os totalitarismos sejam recordados e não se deixe repetir a barbárie do erro.
    Homemagear Vaclav Havel é repudiar a ditadura da opressão e aplaudir a Liberdade, a Democracia.

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  2. Existem heróis que valem uma Pátria, um Povo, a Democracia. Vaclac Havel, como escritor, como resistente a todo o tipo de totalitarismos, e como político, simbolizou isto tudo en relação ao seu país e restou como um exemplo a todo o mundo. O seu desaparecimento físico é presença, prova de que caminha já nos trilhos da História da Humanidade. - V. P.

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