quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Cinema e Literatura


A lua no cinema

A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
_____a história de uma estrela
que não tinha namorado.

_____Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
_____dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!

_____Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava pra ela,
_____e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.

_____A lua ficou tão triste
com aquela história de amor
_____que até hoje a lua insiste:
- Amanheça, por favor!
                      Paulo Leminski , in  "Distraídos venceremos", Brasiliense, 1987, SP

Literatura e Cinema entrelaçam-se e cruzam-se ao longo dos tempos. Ora porque a Literatura tem servido o Cinema ao permitir-lhe  que  uma obra literária se transforme num guião  cinematográfico, ora porque  o Cinema tem imortalizado na tela muitas das  grandes obras. Nesse aparente movimento, a intemporalidade passou  a ser património comum.   Não faltam exemplos que veiculam essa realidade. Muitos outros surgirão num futuro de  cumplicidade  e  de frequente genialidade. Hoje ,reportamos alguns que são notícia:


Retrospectiva “ Cinéma et Littérature” no Quartier Latin, em Paris
"A ” Filmothèque du Quartier Latin” lança uma grande retrospectiva “Littérature et Cinéma” de 10 de Janeiro a 14 de Fevereiro de 2012. São cinco semanas de Encontros, de Debates, e de Projecções para ver ou rever, ler ou reler mais de sessenta obras-primas cinematográficas e literárias.
Entre os convidados estão: Dominique Barbéris, Emmanuel Carrère, Thomas Clerc, Maylis de Kerangal, Eric Laurrent, Carole Martinez, Christine Montalbetti, Atiq Rahimi, Eric Reinhardt, Zoé Valdès, Tanguy Viel...
Será possível  assistir a algumas projecções interessantes, mas  também escutar leituras realizadas pelos próprios autores.
Está previsto um fim-de-semana totalmente dedicado a François Sagan, na semana de 8 de Fevereiro, com a presença do seu filho Denis Westhoff. Irène JACOB lerá excertos de “Ecrire » de Marguerite Duras antes de “Nathalie Granger.”
Alguns filmes como  “L'Insoutenable légèreté de l'être ” de Philip Kaufman e “La Mouette”, filme  inédito de 1972 de Youli Karassik serão reeditados em ante-estreia durante esta retrospectiva. "
Leia mais em : In the mood for cinéma
Por Cécile Mazin, in «  Actualitté, les univers du livre »,5/12/2011, tradução de Livres Pensantes.


Um novo filme para a Primavera de 2012 baseado num clássico conto infantil
Branca de Neve e os sete anões e a vilã , a madrasta , num grande desempenho de Julia Roberts é a proposta de filme para a próxima Primavera. Uma nova forma de contar a mítica história infantil em linguagem cinematográfica.
Era uma vez , num castelo, uma magnífica princesa, cuja pele era branca como a neve e os cabelos negros como a noite....
Este é o início do célebre conto dos irmãos Jacob e Wiltelm Grimm, publicado em 1812 e que, de geração em geração, vai animando a fantasia infantil.
O título escolhido para o filme que se baseia nesse clássico da Literatura Infantil é "Mirror, Mirror" já que, numa abordagem diferente e adulta, pretende valorizar e destacar o papel da madrasta ao longo da trama. Com a promessa de que a vilã morrerá no final, a estreia está prevista para 16 de Março de 2012, nos Estados Unidos e em França.Os cenários são de Jason Keller e a realização de Tarsem Singh.


"Mistérios de Lisboa" nomeado para melhor filme estrangeiro pela Internacional Press Academy
"O muito aplaudido "Mistérios de Lisboa", do realizador Raúl Ruiz, que morreu em Agosto, foi nomeado em três categorias do Satellite Award, prémios da Internacional Press Academy dos Estados Unidos. As nomeações incluem a categoria de melhor filme estrangeiro. A directora de arte Isabel Branco vai a votos nas categorias de melhor direcção artística e melhor guarda-roupa.
Estas nomeações da adaptação cinematográfica do livro homónimo de Camilo Castelo Branco surgem dias depois de o círculo de críticos de cinema nova-iorquinos, o New York Film Critics Circle (NYFCC), ter atribuído postumamente ao realizador chileno o Special Award 2011.
O filme, co-produzido em 2010 pela portuguesa Clap Filmes, foi muito bem recebido tanto pela crítica como pelo cinema comercial. Na competição da IPA, cuja lista de nomeados pode ser consultada aqui, vai concorrer com mais nove filmes, cinco dos quais europeus (belga, húngaro, francês, finlandês e russo) e um deles, "Nannerl, la soeur de Mozart", produzido em França em 2010, da mesma distribuidora da longa-metragem de Raúl Ruiz, a Music Box Films
.
A adaptação da obra oitocentista, com argumento de Carlos Saboga e produzida por Paulo Branco, roda à volta do destino de Pedro da Silva (João Baptista), um órfão de um colégio interno que, através do padre Dinis (Adriano Luz), descobre a identidade da mãe, a condessa Ângela de Lima (Maria João Bastos).
"Mistérios de Lisboa" é uma da centena de obras de Ruiz. Estreou-se nos Estados Unidos quatro dias depois de o cineasta morrer a 1 de Agosto de 2011. O filme tinha feito um percurso internacional bem sucedido que lhe valera já o Prémio Louis Delluce, em San Sebastián (Espanha), e o Prémio da Crítica na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Em Portugal, a longa-metragem (4h26) estreou-se em Outubro de 2010 e foi mais tarde exibida na RTP em formato de minissérie em seis episódios.
O livro de Camilo Castelo Branco chegou a estar no top das vendas de uma Fnac de Paris, depois do sucesso internacional do filme que, dias depois da morte de Ruiz, contava já com mais de 100.000 espectadores em França.
A ligação de Raúl Ruiz a Portugal vinha dos anos de 1980. Depois de "Le Territoire", "La Ville des Pirates" e "Les Destins de Manoel", o realizador partiu para a rodagem de "Mistérios de Lisboa", altura em que adoeceu, embora meses mais tarde começasse a preparar "As Linhas de Torres" com a mesma produtora portuguesa.” In “Público” por
 Pedro Crisóstomo,04.12.2011

5 comentários:

  1. O Cinema é a Arte em que todos acabamos projectados, sem nos sentirmos olhados, vistos, comentados, porque ao olhar os outros na película deixamos de nos vermos a nós. - V. P.

    ResponderEliminar
  2. gostei muito do poema a lua no cinema ele é show

    ResponderEliminar