quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Sobre os homens


"Os homens que têm a mania das mulheres dividem-se facilmente em duas categorias. Uns procuram em todas as mulheres a ideia que eles próprios têm da mulher como ela lhes aparece em sonhos o que é algo de subjectivo e sempre igual. Aos outros, move-os o desejo de se apoderarem da infinita diversidade do mundo feminino objectivo. A obsessão dos primeiros é uma obsessão lírica; o que procuram nas mulheres não é senão eles próprios, não é senão o seu próprio ideal, mas, ao fim e ao cabo, apanham sempre uma grande desilusão, porque, como sabemos, o ideal é precisamente o que nunca se encontra. Como a desilusão que os faz andar de mulher em mulher dá, ao mesmo tempo, uma espécie de desculpa melodramática à sua inconstância, não poucos corações sensíveis acham comovente a sua perseverante poligamia. A outra obsessão é uma obsessão épica e as mulheres não vêem nela nada de comovente: como o homem não projecta nas mulheres um ideal subjectivo, tudo tem interesse e nada pode desiludi-lo. E esta impossibilidade de desilusão encerra em si algo de escandaloso. Aos olhos do mundo, a obsessão do femeeiro épico não tem remissão (porque não é resgatada pela desilusão). (...) Na sua caça ao conhecimento, os femeeiros épicos (...) afastam-se cada vez mais da beleza feminina convencional (de que depressa se cansam) e acabam infalivelmente como coleccionadores de curiosidades." Milan Kundera, in “A Insustentável Leveza Do Ser”, Ed.D. Quixote

1 comentário:

  1. Algo aproximando-se do óbvio, de uma reflexão minimalista. Outro tanto, profundamente errado, confuso, detestável "ver" que para além de superficial, está ferido de objectividade, da mínima objectividade. Umas falas a um canto de uma taberna, entre amigos em qualquer ponto do mundo... Uma conversa de "leveza"!...Ou um bom excerto para um ainda melhor exercício de filosofia escolar, apenas. Milan Kundera nada acrescenta ao primeiro olhar, à primeira percepção, ao cruzar de opiniões soltas, pontuais, desarticuladas, que expõe tristemente. Um apontamento de um bom escritor, suportado por uma excelente máquina publicitária. Vale o que vale. O que diz, o que escreve e se insere no seu livro "A Insustenttável Leveza do Ser" só pode deslumbrar quem não conhece nem a psicologia do Homem, nem a da Mulher. Travessura de palavras a fazer de conta que se sustentam em conceitos devidamente fundamentados... Não, Milan Kundera! Quando se classifica, em jeitos de estudo académico, os homens e as mulheres, erra-se sempre!...O êxito de um livro pode aguentar a leveza do pensamento, a sua, meu caro escrito!... Aguentar especialmente um pensamento "de trazer por casa", e este livro de Kundera, tão editado, tão traduzido, tão vendido, é a prova provada disso quanto a nós! Os grandes escritores também escrevem muito que não presta e nada disso - consta - pode causar mal ao mundo. Milan Kundara!... Aprenda, o que deveria aprender! De uma vez por todas. - Saiba! O homem procura em todas as fases da vida a sua "mãe", o modelo replicado de quem o criou, que lhe deu colo nos primeiros dias de vida. Encontrará ou não. Isso já é problema do próprio homem. Tudo o resto é o reflexo do espanejar de "galo" para impressionar a fêmea-mãe, que lhe servirá, que poderá ser a companheira, fiel ou não, do resto dos seus dias. O homem femeeiro é um pobretana de sentimentos, tal com um caricato "Don Juan", "bíblia" de complexos interiores e inimagináveis. Enfim, um tema grande para desbobinar em espaço tão curto... Mas, Kundera, se não escrevesse (tivesse escrito...)estas "bobagens" faria melhor figura. Podem crer! Não se impressionem com o seu nome, o seu prestígio! Colham apenas a magreza das palavras que escreve...- Varela Pires

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