sexta-feira, 17 de junho de 2011

A Porta



Alguma coisa fora de mim
está escondida em mim
como um coração exterior

Às vezes canta mesmo a meu lado
com a minha voz
como se tivesse eu cantado

Talvez estas lágrimas
não me pertençam nem este momento
nem este sentimento de este sentimento

Que rosto real
me olha e se vê?
Que porta física
tenho que passar?

Manuel António Pina in "Poesia Reunida", Assírio & Alvim, Lisboa, 2001, p 112.

Sem comentários:

Enviar um comentário