quinta-feira, 16 de junho de 2011

A palavra em Carlos Tê

Carlos Tê no Centro Cultural de Belém , a 18 de Junho, às 21h00.
Aquele que será provavelmente o mais célebre letrista em Portugal apresenta, no Grande Auditório do CCB, um programa que terá o formato de um desfile de cumplicidades, autorais e artísticas, estabelecidas durante um percurso de trinta anos que deu origem a muitas canções. Para interpretar vários temas do seu repertório mais conhecido, bem como alguns inéditos, Carlos Tê convidou os Clã, Cristina Branco e Rui Veloso.
“[…]este espectáculo aflora aquilo que tem sido a tónica principal do meu trabalho: a relação da palavra com a voz que se manifesta na calha da melodia. Falo da canção popular, esse fenómeno que atingiu o seu apogeu na segunda metade do século XX. […] Nesses tempos, a canção parecia deter um poder catalítico, era sopro que enfunava a alma com palavras tolas alavancadas por melodias viciantes. Nunca fiz planos para integrar o seu clube de artesãos, nem sei bem como fui lá parar, mas acho que se deveu à dedicação ao culto. O salto de utente para artesão é que foi brusco, mirabolante, próprio de tempos mirabolantes em que tudo parecia possível, até fazer canções sem ter habilitação para isso. Mais tarde, percebi que era essa a grande força da canção pop: não ter habilitação, apenas enraizamento, paixão, perceber que a sua função ia de vazadouro de angústias amorosas a funda de atirar pedras a injustiças seculares.”

Rui Veloso em  "Paixão" (anel de Rubi), uma canção intemporal que foi um grande sucesso. Carlos Tê e Rui  Veloso formaram uma longa e cúmplice parceria que produziu grandes canções.


Carlos Tê - Paixão (anel de Rubi ... Rivoli)


Tu eras aquela, que eu mais queria.
Para me dar algum conforto e companhia.
Era só contigo que eu, sonhava andar.
Para todo o lado e até pensava, talvez casar.


Ai o que eu passei, só por te amar
A saliva que eu gastei, para te mudar.
Mas esse teu mundo era mais forte do que eu.
E nem com a força da música ele se moveu.


Mesmo sabendo que não gostavas,
Empenhei o meu anel de rubi.
Para te levar ao concerto
Que havia no Rivoli.


E era só a ti, quem eu mais queria,
Ao meu lado no concerto nesse dia.
Juntos no escuro de mão dada a ouvir.
Aquela música maluca, sempre a subir.


Mas tu não ficaste, nem meia hora.
Não fizeste um esforço para gostar e foste embora.
Contigo aprendi uma grande lição.
Não se ama alguém que não houve a mesma canção.


Mesmo sabendo que não gostavas,
Empenhei o meu anel de rubi.
Para te levar ao concerto,
Que havia no Rivoli.


Foi nesse dia, que percebi,
Nada mais por nós havia a fazer.
A minha paixão por ti, era um lume,
Que não tinha mais lenha por onde arder.


Mesmo sabendo que não gostavas,
Empenhei o meu anel de rubi.
Para te levar ao concerto,
Que havia no Rivoli.

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