sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

No Cairo, a violência invadiu a Praça da Libertação

Confrontos no Egipto
Hosni Mubarak deu o tiro de partida para uma reforma que dizia querer "pacífica" para "restaurar a paz e a estabilidade". Mas logo após o seu discurso, começaram os confrontos nas ruas do Cairo entre os seus apoiantes e os manifestantes que ao longo de dias têm pedido a sua demissão. A oposição aos apoiantes de Mubarak, que surgiram no Cairo armados e organizados, prolongou-se durante todo o dia de ontem. As duas facções envolveram- -se em violentos confrontos na Praça Tahrir (da Libertação), num contraste com o espírito de euforia dos últimos dias. De um lado, o bloco de manifestantes antigoverno, que há oito dias não deixa as ruas do Cairo; do outro, milhares de apoiantes de Mubarak, que apareceram montados em cavalos e camelos e armados com barras de ferro e tacos de basebol, contra os que pedem a saída do presidente."Jornal i "

Veja a Fotogaleria: Os confrontos que puseram o Egipto no centro do mundo

A Marcha da Partida
O Egipto prepara-se para uma nova leva de protestos nesta sexta-feira, no chamado "Dia da Saída", que tenta resumir o desejo de manifestantes da oposição para que o presidente do país, Hosni Mubarak, renuncie ao poder ainda hoje.
Assim como na sexta-feira passada, os egípcios estão reunidos na praça Tahrir, no centro do Cairo, e em outros pontos da capital, para ao fim das orações do meio-dia iniciarem os protestos contra o regime. O término das orações varia de acordo com as mesquitas, mas costuma ser por volta das 13h da hora local .
A situação no Cairo, especialmente no centro da cidade, parece ser tranquila, e não há registos de novos tiroteios, que na madrugada de quinta-feira deixaram pelo menos cinco mortos.
Os disparos foram feitos por supostos partidários do regime de Mubarak, concentrados em volta da praça Tahrir, onde fazem guarda milhares de militantes da oposição para manter acesa a chama da revolta popular que começou em 25 de janeiro.
Na quinta-feira, houve vários choques entre partidários do regime e manifestantes contrários a Mubarak, especialmente nos arredores da praça Tahrir, o que causou a morte de mais três pessoas, segundo fontes oficiais.
Estes atos de violência acontecem em momento em que, aparentemente, se esgotaram as vias políticas, já que a oposição se nega a dialogar com o regime enquanto Mubarak seguir no poder, apesar da oferta do governo de iniciar um contato para superar a crise.
 "Não vemos nenhuma utilidade em um diálogo com um regime ilegítimo, infrator da Constituição", assinalou na noite de quinta-feira Mohammed Mursi, porta-voz da Irmandade Muçulmana, o mais importante grupo da oposição egípcia.
O vice-presidente egípcio, Omar Suleiman, assegurou na quinta-feira que o regime de Mubarak iniciou um diálogo com forças políticas, mas não as identificou. Este contato, acrescentou Suleiman, procura definir as reformas que são necessárias com vistas às eleições presidenciais de Setembro, às quais o vice-presidente assegurou que não se apresentarão Mubarak nem seu filho mais novo, Gamal, favorito para sucedê-lo.

Protestos convulsionam o Egito
Desde o último dia 25 de janeiro - data que ganhou um caráter histórico, principalmente na internet, os egípcios protestam pela saída do presidente Hosni Mubarak, que está há 30 anos no poder. No dia 28 as manifestações ganharam uma nova dimensão, fazendo o governo cortar o acesso à rede e declarar toque de recolher. As medidas foram ignoradas pela população, mas Mubarak disse que não sairia. Limitou-se a dizer que buscaria "reformas democráticas" para responder aos anseios da população a partir da formação de um novo governo.
A partir do dia 29, um sábado, a nova administração foi anunciada. A medida, mais uma vez, não surtiu efeito, e os protestos continuaram. O presidente egípcio se reuniu com militares e anunciou o retorno da polícia antimotins. Enquanto isso, a oposição seguiu se organizando. O líder opositor Mohamad ElBaradei garantiu que "a mudança chegará" para o Egito. Já os Irmãos Muçulmanos disseram que não iriam dialogar com o novo governo. Na terça, dia 1º de fevereiro, dezenas de milharesde pessoas se reuniram na praça Tahrir para exigir a renúncia de Mubarak.
A grandeza dos protestos levou o líder egípcio a anunciar que não participaria das próximas eleições, para delírio da massa reunida no centro do Cairo. O dia seguinte, 2 de fevereiro, no entanto, foi novamente de caos na capital. Manifestantes pró e contra o governo Mubarak travaram uma batalha campal na praça Tahrir com pedras, paus, facas e barras de ferro. O número de mortos é incerto, entre seis e dez, e mais de 800 pessoas ficaram feridas. No dia seguinte, o governo disse ter iniciado um diálogo com os partidos. Mas a oposição nega. Na praça Tahrir e arredores, segue a tensão. (In "Terra Brasil")

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