terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Soneto do reencontro


Na primavera tu voltaste de mansinho

finda a tempestade, surgiste na bonança
me conjugando o verbo da esperança
num íntimo gesto de lírico carinho.

Tu foste meu fuzil, o meu canto guerreiro
a voz peregrina acesa no meu peito,
ensina-me a cantar agora de outro jeito
para entoar amor e paz ao mundo inteiro.

Combatente e amordaçada em meu destino
silenciados e por atalhos clandestinos
trinta anos se passaram, dia a dia.

Depois a liberdade chegou para o meu povo
mas só agora eu te encontrei de novo
para nunca mais perder-te ... ó poesia.

Manoel de Andrade, Curitiba, Dezembro de 2002, in " Cantares", Editora Escrituras

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