domingo, 21 de novembro de 2010

Tempo de Poesia


Todo o tempo é de poesia.

Desde a névoa da manhã
à névoa do outro dia.


Desde a quentura do ventre
à frigidez da agonia.


Todo o tempo é de poesia.
Entre bombas que deflagram.
Corolas que se desdobram.
Corpos que em sangue soçobram.
Vidas que a amar se consagram.


Sob a cúpula sombria
das mãos que pedem vingança.
Sob o arco da aliança
da celeste alegoria.


Todo o tempo é de poesia.

Desde a arrumação do caos
à confusão da harmonia.


António Gedeão, in "Poesia Completa", Edições João Sá da Costa, Lisboa

Sem comentários:

Enviar um comentário