segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Vieram de férias e não se calam



Aí estão eles. Acreditam que no término da «silly season » devem esgrimir entre e per si «silly words » . E num constante vozear, vão pelos cantos da comunicação social apregoando medidas, reflexões , intenções, batalhas para uma guerra a prazo.
O Governo diz e desdiz-se em inaugurações repetidas, em declarações contraditórias, em projectos adiados, em recuperação económica falhada , entronizando-se no seu Chefe Presidente que tanto se vitimiza como se eleva a Salvador Nacional.
A oposição não abranda e, sobranceiramente, vai ripostando ou criando incidentes que a projectem para a ribalta.
E aqui estamos nós a vê-los, quais fantoches prontos para o espectáculo da dita "rentrée".
Meu querido Portugal, querem encher-te de vazias palavras e de ideias vãs neste fim de Agosto canicular.

domingo, 29 de agosto de 2010

Recordando os Beatles

"Here Comes the Sun" do Album " Abbey Road" foi composta por George Harrison e gravada pelos "Beatles", em 1969.



Here Comes the Sun

Here comes the sun, here comes the sun,
and I say it's all right

Little darling, it's been a long cold lonely winter
Little darling, it feels like years since it's been here
Here comes the sun, here comes the sun
and I say it's all right

Little darling, the smiles returning to the faces
Little darling, it seems like years since it's been here
Here comes the sun, here comes the sun
and I say it's all right

Sun, sun, sun, here it comes...
Sun, sun, sun, here it comes...
Sun, sun, sun, here it comes...
Sun, sun, sun, here it comes...
Sun, sun, sun, here it comes...

Little darling, I feel that ice is slowly melting
Little darling, it seems like years since it's been clear
Here comes the sun, here comes the sun,
and I say it's all right
It's all right


" Lucy in the Sky with Diamonds" do Album "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", oitavo Album dos Beatles, foi composta por John Lennon e Paul Macartney e gravada pelos Beatles em 1967.



Lucy in the sky with diamonds

Picture yourself in a boat on a river,
With tangerine trees and marmalade skies.
Somebody calls you, you answer quite slowly,
A girl with kaleidoscope eyes.

Cellophane flowers of yellow and green,
Towering over your head.
Look for the girl with the sun in her eyes,
And she's gone.

{CHORUS}
Lucy in the sky with diamonds,
Lucy in the sky with diamonds,
Lucy in the sky with diamonds,
Ah... Ah...

Follow her down to a bridge by a fountain,
Where rocking horse people eat marshmallow pies.
Everyone smiles as you drift past the flowers,
That grow so incredibly high.

Newspaper taxis appear on the shore,
Waiting to take you away.
Climb in the back with your head in the clouds,
And you're gone.

{CHORUS}

Picture yourself on a train in a station,
With plasticine porters with looking glass ties.
Suddenly someone is there at the turnstile,
The girl with kaleidoscope eyes.

{CHORUS}

John Lennon e Paul Macartney

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Sondagem sobre as expulsões em França




Sondage publié dans "Le Parisien", 26/08/2010
Selon notre sondage exclusif CSA, publié ce jeudi dans le Parisien et Aujourd'hui-en-France, les Français sont divisés sur les expulsions de Roms vers leur pays d'origine : 48% y sont favorables, 42% y sont opposés, tandis que 10% des personnes interrogées ne se prononcent pas.
Moins d'un Français sur deux approuve donc ces expulsions vers la Roumanie, alors même que le gouvernement accélère les reconduites, en s'apprêtant encore aujourd'hui, jeudi, à expulser 283 Roms.
Après l'approbation qui avait suivi les premières annonces gouvernementales sur ce dossier, fin juillet, l'opinion a évolué. Le sujet provoque un fort clivage droite-gauche. Ainsi les sympathisants de droite (à 70%) et d'extrême-droite (83%) approuvent massivement, alors que chez ceux de gauche, le rejet est aussi massif : 61% en moyenne, mais 65% pour les amis du PS et 83% pour ceux du PC.
L'Elysée ne pourra que se réjouir en constatant que ni les flèches de Villepin, ni les réserves de Raffarin, ou encore celles de Juppé n'ont influencé l'électorat de droite. «Les sympathisants FN plébiscitent les expulsions malgré les critiques du clan Le Pen, qui n'y voit qu'une manoeuvre de diversion, explique Jean-Daniel Lévy, directeur de CSA. Si le but de Nicolas Sarkozy est de fédérer la droite et l'extrême-droite derrière-lui, c'est en bonne partie réussi».
Le sondage a été réalisé par téléphone les 24 et 25 août auprès d'un échantillon.

Nota - Assim vai o nosso mundo: diverso, diferente, irredutível e intolerante.

Exposição sobre Fernando Pessoa

Teve início nesta Terça-feira, 24 de Agosto, em São Paulo, no Brasil, uma exposição multimédia que apresenta a diversidade da obra do poeta português, Fernando Pessoa, ao longo de seus 47 anos de vida.
A mostra «Fernando Pessoa, plural como o universo», em cartaz até 30 de Janeiro de 2011, foi aberta segunda-feira com um espectáculo que incluiu a declamação de poemas do poeta pelo apresentador brasileiro Jô Soares.
Trata-se da primeira exposição sobre um autor português organizada pelo Museu da Língua Portuguesa, desde a sua fundação em 2006.
A ideia da mostra é conduzir o visitante a uma viagem sensorial pelo universo do poeta português, fazendo-o ler, ver, sentir e ouvir a materialidade de suas palavras.
«A nossa intenção é provocar o público, fazer com que as pessoas fiquem intrigadas, inquietas e voltem para perceber a exposição de outras formas», disse um dos comissários da mostra, Carlos Felipe Moisés.
A exposição tem como identidade visual o Mar - de Sagres e todos os outros - e os diferentes tons de azul da água e do céu, remetendo à época dos Descobrimentos e das grandes conquistas de Portugal, inspirada no livro «Mensagem».
Na entrada da exposição, trechos de poemas do próprio Fernando Pessoa e dos heterónimos Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Bernardo Soares são projectados em cinco cabines.
Em seguida, o visitante entra numa espécie de labirinto poético que mostrará de forma lúdica trechos de poesias e imagens de Fernando Pessoa.
Num outro ambiente, são expostos documentos ampliados, manuscritos ou dactilografados, relacionados com o poeta português.
Uma das raridades apresentadas é a primeira edição do livro «Mensagem», único publicado pelo poeta em vida, e os dois números da revista «Orpheu», considerada um marco do modernismo português.
Algumas publicações podem ser folheadas virtualmente pelo visitante, numa mesa comunitária, onde também estão espalhados livros sobre a obra de Pessoa, em vários idiomas.
No último espaço da exposição, o visitante acompanha a cronologia da vida e da obra do poeta, por meio de imagens retiradas da recente fotobiografia produzida por Richard Zenith, outro comissário da mostra.

Notícia Agência Lusa e TVI 24

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Trágicas imagens reais


A tragédia chegou à A25, na Segunda-feira, à tarde, em dois acidentes brutais que provocaram seis mortos e 72 feridos. Do vai-vem contínuo do trânsito costumeiro nesta via rápida, passou-se, subitamente, a uma paragem forçada no Inferno. O fogo, a dor, a devastação, o desespero, a morte invadiram a estrada, lançando as pessoas num horrífico cenário pavorosamente real. Presume-se que tenham sido as más condições atmosféricas que tenham contribuido para este grave desastre em que ficaram envolvidas várias dezenas de viaturas.
Em Portugal, morre-se frequentemente na estrada , mas são raros os acidentes de tão grande dimensão. Segundo dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, os acidentes nas estradas portuguesas, entre 1 de Janeiro e o último Sábado, fizeram 460 mortos e 1632 feridos graves, números semelhantes àqueles registados no mesmo período de 2009.
Muita prevenção rodoviária se tem efectuado nas Escolas , mas o país continua frágil . Talvez seja tempo de ser realizada uma real e profunda investigação que conduza à redução efectiva desta permanente sinistralidade.





terça-feira, 24 de agosto de 2010

(In)Verdade ou mentira ?


Portugal cresceu já o dobro do previsto, declarou o Primeiro Ministro. Entretanto, a Agência Moody's " prevê que, para este ano, Portugal não cumpra as metas previstas e tenha um crescimento inferior em dois décimos ao projectado pelo executivo, mas a previsão para o próximo ano supera em 4 décimos os cálculos do Governo".
O Presidente do executivo tem declarado frequentemente e com alguma veemência que é o único a puxar pelo país. Esperemos que o vá puxando com força e na direcção certa, para que as previsões se realizem efectivamente. Contudo, neste mandato ainda curto, as múltiplas declarações que tem proferido sobre o estado da economia portuguesa têm tido como constante uma (in)verdade tão curta e efémera que logo se desfaz no oposto, quase nos obrigando a concluir que se trata apenas de um logro grosseiro. E como diz o ditado " a mentira tem as pernas curtas". Assim não vamos lá, Senhor Presidente do Executivo.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Assim vai o mundo


As fortes chuvas que têm fustigado o Paquistão provocaram inundações devastadoras, arrasando aldeias, vilas, uma parte considerável do país. Cerca de 20 milhões de pessoas foram afectadas por esta hecatombe. Entretanto, a população sobrevivente está em fuga, à procura de ajuda e de um local seguro. O perigo de explosão de epidemias é temido, particularmente entre os 3,5 milhões de crianças que estão desalojadas e expostas à adversidade que as rodeia. A ajuda humanitária está ainda muito deficitária, pelo que o risco vai aumentando.
Assim vai o nosso mundo, tão diverso e tão vulnerável.


domingo, 22 de agosto de 2010

Música para (re)ouvir num Domingo de Verão


"Vivo per lei" por Andrea Bocelli e Laura Pausini. A excelência de Bocelli aliada à perfeição de Pausini.


Damien Rice em "The Blower's Daughter". Uma voz suave e melódica com sonoridades diferentes.



"The Blowers Daughter"

And so it is
Just like you said it would be
Life goes easy on me
Most of the time
And so it is
The shorter story
No love, no glory
No hero in her sky

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...

And so it is
Just like you said it should be
We'll both forget the breeze
Most of the time
And so it is
The colder water
The blower's daughter
The pupil in denial

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...

Did I say that I loathe you?
Did I say that I want to
Leave it all behind?

I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off you
I can't take my mind...
My mind...my mind...
Till I find somebody new

sábado, 21 de agosto de 2010

Meu Portugal

Viagem

É o vento que me leva.
O vento lusitano.
É este sopro humano
Universal
Que enfuna a inquietação de Portugal.
É esta fúria de loucura mansa
Que tudo alcança
Sem alcançar.
Que vai de céu em céu,
De mar em mar,
Até nunca chegar.
E esta tentação de me encontrar
Mais rico de amargura
Nas pausas da ventura
De me procurar...

Miguel Torga, in "Diário XII", 1973










sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Alexandre Herculano nasceu há 200 anos



«Há épocas de tal corrupção, que, durante elas, talvez só o excesso do fanatismo possa, no meio da imoralidade triunfante, servir de escudo à nobreza e à dignidade das almas rijamente temperadas».

«A hipocrisia, suprema perversão moral, é o charco podre e dormente que impregna a atmosfera de miasmas mortíferos e que salteia o homem no meio de paisagens ridentes: é o réptil que se arrasta por entre as flores e morde a vítima descuidada».

«É o progresso das ideias que traz as reformas, e não o progresso dos males públicos quem as torna inevitáveis».

«A indiferença silenciosa, grave, quase benévola, é a manifestação legítima da morte de toda a crença».
Alexandre Herculano


Alexandre Herculano nasceu em 27 de Março de 1810 e faleceu com 67 anos. Foi um homem de uma extraordinária dimensão : poeta, historiador, político, jornalista, agricultor, romancista, polemista, tradutor. A sua excepcional capacidade projectou-o para além do seu tempo.
A Historiografia moderna deve-lhe a sua fundação. Os quatro volumes da " História de Portugal" foram por ele redigidos num tempo notável. O rigor científico da sua obra histórica provocou algumas duras reacções na época, nomeadamente por parte do Clero porque negou lendas de carácter religioso tais como a aparição de Cristo em Ourique. Austero e religioso era um investigador íntegro e independente
(...) "Era um homem de acção que lutou toda a vida, sem transigências, por convicções e princípios, descreve Isabel Mateus. Não actuava "ao sabor das conveniências e interesses dominantes nos meios ligados ao poder". Só assim, e com uma "notável frontalidade e coragem", poderia ter criado tantas polémicas e defendido tantos projectos. Mas Herculano acreditava apaixonadamente na liberdade de expressão, melhor, "no respeito pela dignidade do ser humano, nas liberdades individuais". Tinha um "profundo humanitarismo", refere Isabel Mateus. Esta convicção guiou a sua acção política. No ano em que também se comemora o centenário da República, evocar Herculano é particularmente importante, pois ele foi um dos seus acérrimos defensores. Embora, tivesse nascido um século antes da proclamação da República era seu apologista e um convicto adverso ao absolutismo miguelista , facto que o obrigou a emigrar para França, onde frequentou a Biblioteca de Rennes. Alguns dos seus mais belos poemas foram escritos, nessa época, na condição de " trovador do exílio" como ele próprio se intitulava.
Consciente do potencial do indivíduo enquanto cidadão, acreditava que Portugal seria um país progressista, se apostasse nos seus valores humanos e "não tanto em termos materiais", continua a investigadora. Aliás, é enquanto deputado pelo Porto que defende, por exemplo, a aplicação de um plano de ensino popular.
No seu percurso político assume também ser contra a centralização do poder, em prol do "poder municipal, o mais vivaz, o mais activo, o mais popular de todos os poderes", dizia, segundo Carlos Novais, autor de Alexandre Herculano - Opúsculos Tomo I. Nesta composição de textos, e à semelhança do que ainda hoje muitos defendem, Herculano afirma que "todos os interesses que deviam ser zelados por municípios estão à mercê de um ministro que reside em Lisboa, e que nem os conhece, nem devidamente os aprecia".
No"Dicionário de Literatura" de Jacinto Prado Coelho pode ler-se o seguinte sobre a morte de Alexandre Herculano:"Em 1877, apagava-se a chama do homem de maior prestígio intelectual e moral da sua geração. Personalidade completa, acabada, se as há. Capaz da paciência beneditina da investigação, tanto como da penetrante agudeza da crítica histórica ou literária; dotado da visão arquitectónica na ordenação das ideias, tanto como da imaginação efabuladora de romancista e dramaturgo ( fez representar um drama: O Fronteiro de África), não lhe faltando a emotividade que se exprime por alguns dos mais belos poemas do seu tempo - o que não lhe impede a lucidez com que sabe encarar os problemas de ordem prática da sua lavoura ou do país."
Alexandre Herculano foi um progressista, um humanista e um homem de princípios e causas. É uma das maiores figuras portuguesas. Além de ter sido um cidadão probo e justo, um político coeso e humanista, lançou com mestria os germens da modernidade, mas o seu bicentenário mal foi assinalado. Portugal não valoriza os seus notáveis. A maioria é lançada a um obscuro esquecimento. A grandeza de um país também se mede pelo modo como se trata quem o faz engrandecer.

A Vitória e a Piedade

Eu nunca fiz soar meus pobres cantos
Nos paços dos senhores:
Eu jamais consagrei hino mentido
Da terra aos opressores
Mal haja o trovador que vai sentar-se
A porta do abastado,
O qual com ouro paga a própria infâmia
Louvor que, foi comprado.
Desonra àquele, que ao poder e ao ouro
Prostitui o alaúde!
Deus à poesia deu por alvo a Pátria,
Deu a glória e a virtude.
Livre o poeta seja,
E em isento a inspiração transforme
Que na sua alma adeja.

Alexandre Herculano

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

GAIVOTAS


Esse longo cachecol de areia
que aquece o meu andar, estendido
junto aos líquidos umbrais,
tem asas.

Elas levam as mágoas
sonolentas que o Verão reuniu
em sua casa. Anónima
então a alma, livre,
mais leve. Que ficou
de mim nesta franja?

Quando as ondas começaram
a vestir de luto as chegadas
– quietos o céu, os seus vidros
iniciais, candeeiros, focos, faróis –
uma dor recém-nascida
(a pequena plumagem
hirta entre algas)
fez-me voltar
ao que fui antes.

Héctor Rosales, in "O Mar na Poesia da América Latina", selecção de textos e ensaio de Isabel Aguiar Barcelos, tradução dos poemas de José Agostinho Baptista, Assírio & Alvim, 1999

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Portugal em chamas

Verão após Verão, repetem-se os incêndios no mundo e também, infortunada e dolorosamente, em Portugal. Neste ano, temia-se o pior, após um longo Inverno chuvoso, que foi preparando as matas e os campos para o adensamento da vegetação. A prevenção não foi accionada e o país está em chamas. Desde o desbaratar contínuo do Parque do Gerês, da Serra da Estrela à tragédia de Castro d'Aire, vamos assistindo, diariamente, ao lavrar de vários focos e ao consequente gigantesco esforço dos Bombeiros e das próprias populações numa luta insana contra um fogo que, furiosamente, se reacende.
Portugal já se demarca dos outros países europeus ao registar 70% da área ardida em toda a União Europeia.
Meu pobre Portugal. Qualquer mal te guinda ao topo da trágica (in)glória.



segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Recordar Jorge Amado


E, agora, falo-vos de Jorge Amado
Por Baptista Bastos

A Dom Quixote acaba de editar os três tomos de "Os Subterrâneos da Liberdade", de Jorge Amado, que marcaram, pelo menos, quatro gerações de leitores, em todo o mundo. É uma narrativa epopeica, escrita no estilo simultaneamente poético e oral que era timbre do grande escritor brasileiro. Grande escritor, repito. A dimensão extraordinária da sua obra, os efeitos morais, ideológicos e essenciais que provocou autorizam a qualificação. Nunca foi um prosador eleito pelo cânone: criou uma linguagem na qual a palavra comum se ergue ao nível das grandes construções vocabulares. E legou-nos um fresco impressionante, onde o amor pelo povo, a urgência na luta pela causa da liberdade, o apelo à resistência e a esperança em dias melhores são componentes fundamentais.
Fui um dos rapazes de então a quem Jorge Amado influenciou. O primeiro livro que dele li, "Os Capitães da Areia", numa edição brasileira da casa José Olympio, adquiri-o por 150 escudos, uma pequena fortuna para a época. Consegui juntar os escudos e comprar o volume a um velho tipógrafo comunista, um homem baixo, escrupuloso e muito culto, que me o vendeu pelo mesmo preço com que o havia obtido. Ainda possuo o exemplar. Decorei páginas da história de Pedro Bala, o menino da praia que irá tornar-se num herói revolucionário, contra a ditadura de Getúlio Vargas.
Mais tarde, li "Jubiabá" e "Terras do Sem Fim", cuja portada ainda sei de cor, em edições de Livros do Brasil, a grande editora do saudoso Souza Pinto. Fui por aí fora. E Amado conduziu-me a descobrir outros autores brasileiros e a deslumbrar-me com a grande prosa e a grande poesia daquele país. Aliás, escrevi um prefácio para o livro "Computa, Computador, Computa" de Millôr Fernandes. Quando fui contratado como redactor do "Diário Popular" sugeri a um dos proprietários, Guilherme Brás Medeiros, o nome de Millôr para colaborar. Assim nasceu, às quartas-feiras, a página "Pif-Paf", que coordenei e editei. Tinha conhecido o famoso humorista numa viagem ao Brasil, ficámos amigos até hoje. Tentei que fosse publicado, em Portugal, a obra magistral de Aníbal Machado, outro grande; assim como os dois volumes de "A Barca de Gleire", troca de correspondência entre Monteiro Lobato e Godofredo Rangel, gente de outra pinta e alto coturno. Mais tarde, seleccionei e prefaciei "os Trovões de Antigamente", crónicas de Rubem Braga.
Tudo isto, todo este percurso pessoal devo-o a Jorge Amado, à leitura empolgada dos seus livros, às reminiscências que me levaram, um dia, no Restaurante Brasuca, a abraçar, comovidamente, Luís Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança. E a ver o Brasil com os olhos do coração.
Amado era um homem de extrema doçura, de generosidade escancarada, um ser raro que jamais recusou uma palavra de apoio a moços escritores do seu país e, também, de Portugal. Há uma fotografia famosa e inquietante, obtida no aeroporto da Portela, onde se vê, difusamente embora, dois agentes da PIDE, e Carlos de Oliveira, Mário Dionísio, alguns mais, de que me não lembro, neste instante. É um documento precioso, não só pelo facto em si, mas pelo que significa de coragem e de desafio. Amado estava proibido de entrar em Portugal, devido a ser comunista; então, um grupo de escritores portugueses, entre os quais os dois nomeados, resolveu estar com ele, no restaurante do aeroporto.
Jorge Amado, que viveu no exílio, com a família entretanto constituída, abandonou a militância comunista, sem nunca deixar de acreditar no progresso da humanidade e no princípio de que a História caminha no sentido da libertação do homem. Visitava, então, amiúde, os seus amigos portugueses, instalando-se no Estoril, com a constância fraterna de Lima de Carvalho, outro homem de bem e de alta consciência moral.
Por duas ou três vezes almocei com Amado, com a mulher, Zélia Gattai, e outros amigos. O velho baiano, com a si próprio se etiquetava, era um encanto de conversador. E, nas conversas, nunca faltavam história de mulheres, a sua beleza fascinante, a sensualidade da baiana. Numa das suas últimas entrevistas, à revista "Veja", confessou ser o cúmulo da chatice a inexorável presença da velhice. Disse da sua mágoa por já não poder fazer aquilo para que ainda sentia impulso e desejo.
Uns anos depois, na Casa Fernando Pessoa, repleta de gente entusiasmada, participei num debate acerca da importância ética, estética, social e moral da obra do grande brasileiro. A emoção dele era tão visível que a assistência ficou contagiada. Foi a última vez que estive com ele. No final, assinou três livros, para cada um dos meus três filhos, adicionando: "do tio Jorge."
O tio Jorge abalou por um desabrido dia. Um dia inclemente e ruim. Uns meses antes, em Lanzarote, onde fora conversar com José Saramago, para um livro de "aproximações", foi recebido um e-mail do grande autor de "A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água" (já leram?, apressem-se: é uma das obras-primas do baiano). Dizia o e-mail: "No mar, em frente à casa de José, um abraço do Jorge e da Zélia."
Podem ter a certeza de que vale a pena ler, reler ou começar a frequentar Jorge Amado. Podem começar por estes volumes de que falei, no começo desta crónica. Ficam melhores pessoas.

Artigo de Opinião de Baptista Bastos publicado no " Jornal de Negócios" em 13/08/2010

domingo, 15 de agosto de 2010

Barco Negro

Amália em "Barco Negro". Incomparável. Apenas ela, Amália.




Barco Negro

De manhã, que medo, que me achasses feia!
Acordei, tremendo, deitada n'areia
Mas logo os teus olhos disseram que não,
E o sol penetrou no meu coração.[Bis]

Vi depois, numa rocha, uma cruz,
E o teu barco negro dançava na luz
Vi teu braço acenando, entre as velas já soltas
Dizem as velhas da praia, que não voltas:

São loucas! São loucas!

Eu sei, meu amor,
Que nem chegaste a partir,
Pois tudo, em meu redor,
Me diz qu'estás sempre comigo.[Bis]

No vento que lança areia nos vidros;
Na água que canta, no fogo mortiço;
No calor do leito, nos bancos vazios;
Dentro do meu peito, estás sempre comigo.

Voz de Amália Rodrigues
Poema de David Mourão-Ferreira

sábado, 14 de agosto de 2010

Não digas nada


Não digas nada!
Nem mesmo a verdade
Há tanta suavidade em nada se dizer
E tudo se entender -
Tudo metade
De sentir e de ver…
Não digas nada
Deixa esquecer

Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada…
Mas ali fui feliz
Não digas nada.

Fernando Pessoa

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O excesso de sal é mortífero


Cravo & ferradura

Cartoon Bandeira publicado no DN de 13/08/2010

Chuva de estrelas cadentes à noite

Noticia o "Jornal i " que "É a promessa da NASA e de muitos fóruns de astronomia, por isso vale a pena acreditar. Este ano, a chuva de estrelas cadentes (meteoros) das Perseidas, que atingirá o ponto alto esta noite, vai poder ser observada com condições especiais - como a lua nova - e poderá ser uma das melhores edições desde 2007.
As Perseidas acontecem todos os Verões e chamam-se assim porque as estrelas parecem cair da constelação de Perseu, como se estivesse um guarda-chuva aberto apontado naquela direcção e os traços de luz escorregassem pelos seus aros. A NASA compara o fenómeno a uma viagem em que se acaba com capô e pára-brisas carregados de mosquitos mortos. "A Terra, como um carro a grande velocidade, viaja à volta do Sol, chocando com tudo o que apanha pela frente. Não há insectos no espaço, mas não faltam meteoróides, fragmentos da poeira de cometas e asteróides." Quando batem na atmosfera da Terra, de-sintegram-se em traços de luz - os meteoros.
No caso das Perseidas, os mosquitos são o rasto do cometa Swift-Tuttle e estão visíveis a partir de Julho, com um pico entre 8 e 14 de Agosto. A melhor janela de observação deste ano está prevista para hoje, entre as 21 e as 23 horas. "Não aparecem em grande número, mas mesmo um ou dois será suficiente. Um meteoro é algo para recordar durante vários anos", diz a NASA. Evitar zonas com muita luz e ter alguma paciência são as recomendações. Se quiser a companhia de especialistas, o Centro Ciência Viva de Constância tem um programa especial a partir das 18h00, com a palestra "Poderá uma estrela cair-nos em cima?" Marta F. Reis, in Jornal i de 12/08/2010
Nota: " À noite, todos os gatos são pardos ", mas como em Constância acreditaram que as estrelas cadentes que das Perseidas rumavam para a Terra eram brilhantes e se deixavam ver, houve quem fez da noite um real observatório astronómico e rejubilasse com o que viu. Nós , aqui, nada vimos e nem sequer uma estrela nos caiu em cima.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Dia Internacional da Juventude


Assinala-se, hoje, o Dia Internacional da Juventude , pelo que o Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon, encorajou os Estados-Membros " a aumentarem os seus investimentos nos Jovens dando uma importância primordial às suas necessidades."
"A situação social e económica em que hoje vivemos justifica que se preste uma atenção especial aos mais jovens. Oitenta e sete por cento das pessoas com idades compreendidas entre os 15 e 24 anos vivem em países em desenvolvimento." (...) "Este é um imperativo moral e uma necessidade de desenvolvimento. Mas é também uma oportunidade. A energia dos jovens pode estimular as economias mais débeis."
O próximo ano será dedicado à Juventude, tendo como tema primordial " diálogo e compreensão mútua". Assim, é também inaugurado, em cerimónia oficial na Assembleia das Nações Unidas, o Ano Internacional da Juventude que vai terminar em 11 de Agosto de 2011.
Entretanto, o relatório “Tendências Mundiais do Emprego Jovem 2010” da OIT conclui que a taxa mundial de desemprego jovem atingiu em 2009 o nível mais alto da história - 13 por cento, correspondentes a 81 milhões de pessoas - e deverá ainda aumentar este ano.
" Os jovens são o motor do desenvolvimento económico”, afirma o Director Geral da OIT, Juan Somavia, considerando que “desaproveitar este potencial é um desperdício económico que pode prejudicar a estabilidade social. A crise é uma oportunidade para reavaliar as estratégias para fazer frente às sérias desvantagens que enfrentam os jovens ao ingressar no mercado laboral. É importante que nos foquemos em estratégias integradas e exaustivas que combinem políticas educativas e de formação com políticas laborais destinadas aos jovens”.
Em Portugal, regista-se uma taxa de desemprego de 22% entre a população jovem. Esperemos que os nossos governantes saibam encontrar o caminho da valoração destes jovens e terminem com o desnorte que tem acometido as politicas do Trabalho e da Educação.
(Este artigo contém informações da Imprensa escrita)

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Sufocar em Moscovo

A Praça Vermelha invadida pelo fumo


A canícula que ataca Moscovo juntamente com a espessa nuvem de fumo dos fogos que continua a invadir a cidade fizeram duplicar a mortalidade na capital russa. Registam-se , agora , 700 mortes diárias só em Moscovo, o que é um facto assustador que foi reconhecido, hoje, pelas autoridades russas. Entretanto, os Moscovitas tentam fazer o seu quotidiano normalmente, utilizando máscaras para se protegerem do efeito nefasto dos níveis de monóxido de carbono que estão 3,1 superiores ao normal.
A cidade vermelha está rubra e ensombrada pelo fogo. Numa época de grande turismo, a cidade não se deixa ver. Diz-se que, num período superior a mil anos, é a pior canícula e calamidade de sempre. Não podemos confirmar, mas acreditamos, exortando o seu término imediato.

Como é por dentro outra pessoa

Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Como que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo.

Fernando Pessoa

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O mundo da fantasia/O mundo real


Fantasiar com brinquedos e fazer uma história fantástica é uma ARTE. O mundo da fantasia é um mundo imenso que atrai e projecta o sonho convertendo-o, na tela, numa realidade visível. Em formato 3D, "Toy Story 3" dá forma a essa verdade.
Aqui, a nossa realidade, em formato natural, mostra-nos um país a arder com fogos ateados já em reservas naturais, os imponderáveis caminhos dos (in)veredictos judiciais, as debilidades do funcionamento das Instituições Públicas, os atentados à sáude dos cidadãos, o crescimento imensurável da negligência quer na fiscalização, quer na concessão de licenças, o desbaratar do erário público na promoção ostentatória de fúteis festividades de Verão, a segmentação do espaço eleitoral com ganhos e perdas fictícias e um Verão quente onde o pão de cada dia é cada vez mais caro.

domingo, 8 de agosto de 2010

Memórias musicais VI

Charles Aznavour , "La mamma "

Ils sont venus
Ils sont tous là
Dès qu'ils ont entendu ce cri
Elle va mourir, la mamma
Ils sont venus
Ils sont tous là
Même ceux du sud de l'Italie
Y a même Giorgio, le fils maudit
Avec des présents plein les bras
Tous les enfants jouent en silence
Autour du lit ou sur le carreau
Mais leurs jeux n'ont pas d'importance
C'est un peu leurs derniers cadeaux
A la mamma

On la réchauffe de baisers
On lui remonte ses oreillers
Elle va mourir, la mamma
Sainte Marie pleine de grâces
Dont la statue est sur la place
Bien sûr vous lui tendez les bras
En lui chantant Ave Maria
Ave Maria
Y a tant d'amour, de souvenirs
Autour de toi, toi la mamma
Y a tant de larmes et de sourires
A travers toi, toi la mamma

Et tous les hommes ont eu si chaud
Sur les chemins de grand soleil
Elle va mourir, la mamma
Qu'ils boivent frais le vin nouveau
Le bon vin de la bonne treille
Tandis que s'entassent pêle-mêle
Sur les bancs, foulards et chapeaux
C'est drôle on ne se sent pas triste
Près du grand lit et de l'affection
Y a même un oncle guitariste
Qui joue en faisant attention
A la mamma

Et les femmes se souvenant
Des chansons tristes des veillées
Elle va mourir, la mamma
Tout doucement, les yeux fermés
Chantent comme on berce un enfant
Après une bonne journée
Pour qu'il sourie en s'endormant
Ave Maria
Y a tant d'amour, de souvenirs
Autour de toi, toi la mamma
Y a tant de larmes et de sourires
A travers toi, toi la mamma
Que jamais, jamais, jamais
Tu nous quitteras...

Para ouvir neste Domingo

A mítica canção "Blowin' In The Wind" e "Bad Moon Rising" na voz grave de um grande cantor, Bruce Springsteen.

Portugal


Avivo no teu rosto o rosto que me deste,
E torno mais real o rosto que te dou.
Mostro aos olhos que não te desfigura
Quem te desfigurou.
Criatura da tua criatura,
Serás sempre o que sou.

E eu sou a liberdade dum perfil
Desenhado no mar.
Ondulo e permaneço.
Cavo, remo, imagino,
E descubro na bruma o meu destino
Que de antemão conheço:

Teimoso aventureiro da ilusão,
Surdo às razões do tempo e da fortuna,
Achar sem nunca achar o que procuro,
Exilado
Na gávea do futuro,
Mais alta ainda do que no passado.

Miguel Torga, in "Diário X"

sábado, 7 de agosto de 2010

Em Agosto

Agosto altera qualquer pacata paisagem desde que esteja " à beira-mar plantada " . Os portugueses sempre gostaram de ter férias em Agosto, mas desde que as Escolas passaram a encerrar mais tarde, as férias judiciais encurtaram, as fábricas deixaram de laborar continuadamente, os nossos ilustres governantes e demais parlamentares se deram também ao descanso, a massificação da praia tornou-se real. Tomar ares na Praia ou tomar um banho neste Algarve de águas quentes é um acto que exige paciência, concentração e urbanidade. Os parques de estacionamento estão lotados, logo mal raia a luz do dia e o areal dourado e quente é um autêntico mapa de toalhas, de chapéus-de-sol e de zonas interditas. E a multidão vai-se acotovelando, junto ao mar, num prazer à força partilhado.
Entretanto, o calor imparável e medonho vai-nos entorpecendo, obrigando, então, a mente a concentrar-se na esperança salvadora de que Setembro vem a seguir .

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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Recordando Jorge Luis Borges

Jorge Luis Borges nasceu em 1899 na cidade de Buenos Aires, capital da Argentina e faleceu em 1986 , em Genebra, na Suíça. É o maior poeta argentino de sempre e uma das maiores figuras da Literatura mundial.
"Seu texto é sempre o de uma pessoa que, reconhecendo honestamente a fragilidade e as limitações do ser humano, nos coloca diante de reflexões nas quais, com frequência, está presente o nosso próprio destino." (Miguel A. Paladino).
Recordemo-lo em prosa neste magnífico e profundo texto pleno de verdade.

ORAÇÃO
Minha boca pronunciou e pronunciará, milhares de vezes e nos dois idiomas que me são íntimos, o pai-nosso, mas só em parte o entendo. Hoje de manhã, dia primeiro de julho de 1969, quero tentar uma oração que seja pessoal, não herdada. Sei que se trata de uma tarefa que exige uma sinceridade mais que humana. É evidente, em primeiro lugar, que me está vedado pedir. Pedir que não anoiteçam meus olhos seria loucura; sei de milhares de pessoas que vêem e que não são particularmente felizes, justas ou sábias. O processo do tempo é uma trama de efeitos e causas, de sorte que pedir qualquer mercê, por ínfima que seja, é pedir que se rompa um elo dessa trama de ferro, é pedir que já se tenha rompido. Ninguém merece tal milagre. Não posso suplicar que meus erros me sejam perdoados; o perdão é um acto alheio e só eu posso salvar-me. O perdão purifica o ofendido, não o ofensor, a quem quase não afecta. A liberdade de meu arbítrio é talvez ilusória, mas posso dar ou sonhar que dou. Posso dar a coragem, que não tenho; posso dar a esperança, que não está em mim; posso ensinar a vontade de aprender o que pouco sei ou entrevejo. Quero ser lembrado menos como poeta que como amigo; que alguém repita uma cadência de Dunbar ou de Frost ou do homem que viu à meia-noite a árvore que sangra, a Cruz, e pense que pela primeira vez a ouviu de meus lábios. O restante não me importa; espero que o esquecimento não demore. Desconhecemos os desígnios do universo, mas sabemos que raciocinar com lucidez e agir com justiça é ajudar esses desígnios, que não nos serão revelados.
Quero morrer completamente; quero morrer com este companheiro, meu corpo.

Cartoon do dia

Cravo & ferradura

Cartoon Bandeira publicado no DN de 5/08/2010

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Steal Away

Mahalia Jackson e Nat King Cole em 1957, num espectáculo televisivo, interpretando "Steal Away". As vozes excepcionais destes cantores elevam qualquer canção.

Perder a vida

















Perder a vida é uma forma de morrer que comove, que dói fortemente. Tenho assistido, durante este ano, ao desaparecimento de seres humanos valiosos . 2010 mais parece ser o ano de todos os desencantos: Um ano negro em que o chão se torna escorregadio e muito inclinado.
Morrer exige que a vida feneça, mas perder a vida lutando por ela é uma forma de morrer radicalmente nobre e dolorosa. Assistir a essa luta na impotência de nada poder fazer é um abalo tremendo que nos avassala de mágoa.
Estes dois homens de áreas diferentes, um actor e outro jornalista, que nos ofereceram a excelência do seu trabalho , acabam de perder a vida com um sorriso nos olhos e possivelmente com muitas lágrimas no coração .
Para eles fica, em jeito de homenagem, um " ATÉ SEMPRE".