quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A teoria das emboscadas


Sócrates, o filósofo grego, era conhecido por nunca atacar os adversários de forma frontal, mas através de emboscadas. Usava a ironia para conquistar seguidores para os seus pontos de vista e cortejava os que queria submeter. Era considerado um mestre da psicologia. Sócrates, o primeiro-ministro, aprendeu muito pouco com o seu homólogo. Cada vez é mais evidente que ele, para conquistar, usa outro tipo de emboscadas. Que passaram pela conquista do sector financeiro que, aliada ao poder do Estado nas empresas estatais, acabariam por dominar a opinião publicada. E assim, criar, a hegemonia ideológica do seu gabinete em todo o País. Sócrates, o português, desconhece a ironia e dá pouco valor à persuasão através do diálogo. Prefere as teias urdidas nas sombras, através de eminências pardas que foram sendo colocadas em empresas públicas e privadas. Julgava que a anestesia social seria a melhor forma de governar Portugal como uma quinta. Sócrates domesticou o PS e, até há pouco, o Parlamento. Tornou irrelevante o poder legislativo. Depois conseguiu, com leis feitas à medida de necessidades pontuais e da disponibilização de meios financeiros, tornar o poder judicial um saco de gatos. A célebre teoria da separação de poderes foi inovada por Sócrates: o poder legislativo e o judicial respondiam, cada vez mais, perante o executivo. A questão do domínio das notícias publicadas seria o corolário da utilização do poder financeiro e empresarial que o Estado (e o executivo) dominam. A ironia de quem não a usa, é que este plano ainda não pereceu.

Artigo de Opinião de Fernando Sobral, publicado no Jornal de Negócios, em 15/02/2010

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